Ela tava ali dirigindo até você imaginando um punhado de coisas, sem tirar os olhos da estrada, fazendo as contas de quando fora a última vez que percorrera aquele trajeto e quando fora a última vez que as borboletas se debateram no estômago.
O que seria que teria acontecido com elas? Se debateram tanto antes que agora estavam todas mortas devido ao espaço limitado do estômago? Foram todas corroídas pela acidez interna do órgão? Ou foram esmagadas pelo consumo diário de comida? Quem sabe até mesmo afogadas...
Ela parou na frente da sua casa, quase que silenciosamente, segurou firme o volante entre os dedos e respirou fundo três vezes sem saber. Quis sair correndo e largar o veículo ali mesmo, mas optou por ficar. Ela precisava te encarar. E quando ergueu a cabeça e te viu sair do portão, caminhando em meio às sombra e luzes da noite, talvez alguma borboleta tenha sobrevivido a todas essas catástrofes naturais e físicas. Você entrou pela porta do co-piloto e não percebeu quando ela não te sorriu. Estava atenta às possíveis mudanças internas para não perder o ressucitar das asas das borboletas. E quando você a beijou tão na saudade da última vez em que se viram, nada no estômago mudara.
Elas estavam, de fato, mortas.
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