24 de agosto de 2011

Nothing really matters

Eu não sei porque fiquei tão tocada, sensível e comovida pelo Freddie Mercury, mas ouvir Bohemian Rhasody e Love of my life e não sentir alguma coisa seria praticamente impossível. Penso em tanta coisa quando escuto a voz dele cantar Mama, I don´t want to die, I sometime wish never have been born at all... Fico aqui imaginando ele, no auge dos seus vinte e tantos anos, contemplando o mundo, e sentindo-se sozinho, tendo a alguém tão próximo de si e não conseguindo amar como gostaria, não se sentindo amado como queria - e como deve ter sido ainda mais difícil para o parceiro dele, que fico ao seu lado nos últimos momentos, e saber que não era amado como platonismo de Freddie idealizava.
Não sei o que me acomete quando eu vejo ao dvd dele cantando essas músicas, sinto um aperto aqui - e pior é imaginar que ele já se foi.

Love of my life, you hurt me.
Essa, sem sombras de dúvidas, é a pior frase. Ele chama essa pessoa do amor da vida dele, tomando por base que somente a amará por todos os outros anos seguintes que ele ainda não viveu, mas essa pessoa o machucou. Droga, como assim?! Ele considera alguém que o fez sofrer como seu amor por toda a sua vida, mesmo que ele esteja apenas na casa dos 30 e, na época, lhe restavam ainda mais outros 30 anos... e ele já assumia um único amor.
É o antagonismo. A antítese de seu discurso. A leveza de seu vocativo - as questões assumidas sem dizer muito.


A solidão dele é tão perceptível (e tão inspiradora).

22 de agosto de 2011

Mr Freddie Mercury is dying

Como deve ser, meu caro, descobrir algo que vai te levar à morte? Viver tantos anos já sabendo que tudo o levará para um fim doloroso e que degrine seu corpo a cada dia?! Como deveria ter sido?!
Não, não sou uma fã sua, e nem nunca fui, mas a exposição diária de sua música levou-me a curiosidade de descobrir como morreu. Não gostei. Não sei se o que eu li é verdadeiro, mas a imagem feita por mim de você deitado em sua cama com o seu amado, sem forças nem ao menos para alisar os pêlos de seus adorados gatos, me causa um grande desconforto.
Vejo-o ali, deitado em seu leito, incosciente, sem contato direto com essa realidade, sem ter como avisar que precisa ir ao toillet, sentindo a vitalidade esvair-se do seu corpo. O que te veio à mente?! Os seus shows?! Suas performaces?! Sua voz?! Sua banda, amigos, gatos?! Ou o grande "e se...?".
Eu não sei, nem o conheço - de nenhuma forma, mas me imagino sentada ao pé de sua cama, sua colossal cama, e você bem no meio dela, com travesseiros grandes, brancos e fofos, e aquele em que eu vejo não me parece nenhum pouco com quem eu costumei a ver no Live in Wimbley, 1986 (e a este assisto no carro do meu namorado). Você já não ostenta mais o bigode e nem o porte, está magro, a voz fraca (que mentira!, você nem ao menos tem força para falar agora), cara limpa.
Queria que falasse comigo, me dissesse e segredasse como foi, como é, se dói, se passa... Ou até mesmo, de repente, confortá-lo - de alguma forma. Estico a minha mão em sua direção, receosa em tocar-lhe a pele e descobrir que seu corpo já não consegue mais mantê-lo aquecido, porque, para mim, este é o sinal da vida, os 36º centígrados constantes do corpo humano. Já sei o final disso tudo, pois o vejo com os olhos de 20 anos depois, mas não queria que fosse assim. Você merecia ver sua legião de fãs se alastrar por outras duas décadas depois do novembro de 91 e ver como sua voz se perpetuou.
Você me olha e sei que não me reconhece - e nem poderia. Você não pertence mais a este lugar, fisica e mentalmente falando. Sorri-me, ou assim gosto de pensar, pois ver um ínfimo esforço para sorrir a um estranho parece-me como um último reflexo de vida. Não sorria, apenas tente; não gaste comigo suas últimas forças e o pouco de vitalidade que lhe resta. Sou uma estranha em uma fantasia - de todas, não era esta qual gostaria de ter; o seu leito e seu último suspiro são criações em que eu não gostaria de ter feito.
Mas ambos estamos aqui.
Acho que você gosta de mim, pois seus olhos opacos vidram em minha imagem e isso faz-me sentir querida neste contexto, nesta cena. Acho que para você é melhor ter a mim aqui do que alguém conhecido porque em mim a sua partida não doerá, apenas vai deixar milhares de incompreensões - e nada mais digno a um compositor, não é?! Afinal, a inspiração é assim. Às vezes. Não vou chorar, não vou remoer, nem ao menos comentar. Ver-me aqui deve ser tranquilizador para você uma vez que, comigo aqui, você pode simplesmente partir, sem deixar mais nada além de uma partida.
Aproximo-me de sua cabeceira e, mesmo diante da vontade de me deitar ao seu lado, sei que não devo fazê-lo. Aqui é o seu lugar e não o meu. Seus olhos - apenas os seus olhos e nenhuma outra parte de seu corpo - se viram para mim. Acho que agora, se pudesse, você me xingaria - e acho que eu riria de você e você riria comigo, ou até mesmo de mim. Se assim fosse possível, seria um sinal de que há vida contigo e que jamais iria embora. A vida, eu digo.
A minha mão repousa sobre a cama e sinto o leve toque da sua sobre a mim, e as minhas certezas se concretizam. Sempre soube que a sua pele reagiria em frio em contato com a minha. Você agora já se foi e a minha fantasia fica aqui comigo.
Você nem ao menos existe mais.

Bring it back bring it back,
Don't take it away from me,
Because you don't know
What it means to me. 
("Love of my life", Queen).

7 de agosto de 2011

Sei que as mesmas palavras surgirão em vários destes nossos momentos, que em vários daqueles rabiscos corridos em bilhetes soltos dirão sempre a respeito desta felicidade tão simples e completa que você me dá, de todas as coisas que deveriam caber em todas as vezes em que digo "amo você". E eu, nesta alma literária, ou nesta persistência tola de acreditar em que posso escrever, dói um pouco não encontrar outras para dizer tudo.
(Mas que bobeira, pois sei que tudo está mais que contido no meu amor por você, nas duas palavras que gosto tanto de falar e nas lágrimas que seguro para não chorar à sua frente, seja de felicidade, seja pelo seu silêncio machucado...).
Saiba, pois, que a cada hora em que segredar a você que o amo, existe um pouco mais deste muito sentido por você, que a cada amo você é sim um segredo uma vez que o de antes já é muito pouco para o de agora.
Como uma tola pessoa que necessita escrever, é sempre muito pouco e me dói todos os clichês que escreverei - mas como sua menina, felicito-me saber que cada amo você é muito pouco perto daquele que virá logo em seguida.

Àquele mesmo ainda e sempre
que amo
que cuido
que me proteje.