24 de março de 2015

Sobre o que adiante nunca vai acontecer

A gente se topou meio em tropeços numa tarde já meio fria daquele meio de junho. Em meios há tantos anos já passados. Fiz as contas meio por cima, meio que para saber se você já estava meio que perto daquela idade que outrora eu tivera quando nós dois, ambos, meio que nos gostamos. A sua barba ainda era meio rala e podia ver meia tatuagem sua escapando pelo braço. Seu cabelo estava despenteado inteiramente igual àquele tempo. Meio estranho que você ainda me parece meio com aquele garoto-homem que tanto me pôs no meio dos meus preceitos.
"Tô sem tempo, super atrasada, mas, toma" estendo o cartão "me liga, por favor".
Estranho que você ainda continua meio que ansioso e, sete passos depois, meu celular começa a tocar tanto freneticamente que eu esqueço que tô partindo.
Anos voaram e alguns outros entraram aonde você meio que estava. Onde exatamente você estava enfim? Meus planos, cumpriram-se todos e tenho meu nome em alguns livros, alguns artigos e até escrevo mensalmente em um jornal. Corro de canto à canto para dar conta da agenda, minha casa fica fechada a maioria dos dias da semana, meu gato hoje mora com os meus pais e sinto no olhar dele o ressentimento do abandono. Meu cachorro já não: se abana todo para mim, querendo me lamber, me morder, me pôr debaixo de suas quatro patas quando chego para levá-los para casa.
Não, meu caro, não casei, não namoro, tenho alguns pretendentes. Fechei-me dessa vontade quando te vi me partir e me deixando no meio termo de uma relação que prometemos ser promissora.
Mas tudo bem. Eu meio que sei lidar hoje com toda essa carga sentimental, e às vezes eu meio que lembro de você e meio que imagino em que ponto dos seus planos você deve se encontrar. Achou a garota certa no momento certo? Porque essa garota certa aqui, hoje já mulher, hoje já estabelecida, continua no momento errado no seu time de vida. Não, ainda não sei jogar sinuca, mas me entretenho ainda mais com Sudokus e problemas de lógica. Tenho estudado Física Mecânica para meu próximo livro e hoje já sou faixa preta em jiu-jitsu, além de também pintar, desenhar e rabiscar algumas paredes do apartamento.
Desculpa, mas eu meio que tenho pressa. A vida me pôs a pressa que eu quis tirar de você. Agora vou assim, de aeroporto em aeroporto, de cidade em cidade, meio que tendo uma meia-vida, meio que conseguindo um meio tempo, meio que fingindo que ainda falta alguma coisa.
Bonita a sua tattoo.
Passe bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, deixe seu comentário :D