16 de setembro de 2014

Organização não era o forte dela e tão menos conseguir distinguir o que de fato era importante. Foi assim com o quarto, foi assim com os namorados. Simplesmente não possuía a habilidade de foco e importância, tão entrelaçados e fugitivos dos dedos dela.
Fugir de casa estava se tornando mais que uma decisão: uma movimentação sem fim de planejamento de um projeto que, até agora, se nada mais fosse somado a tudo aquilo, precisaria de um carreto.
E grande.
E, bem, fugir de carreto não é bem algo que se tem em mente - e não dá para sair na surdina com um carreto estacionado na frente de casa.
As roupas estavam dispostas sobre a cama, as bijus que precisaria, o cofre com as economias, os sapatos - por que mesmo precisava levar salto alto na fuga?! - os tênis, casacos de frio - um para cada tipo de roupa, e aquele de couro sintético definitivamente a deixava mais bonita, - o celular, o laptop, fotos, bolsas, agenda, hidratantes - afinal, só queria fugir de casa, e não virar uma mendiga!, - e a parte mais difícil: os livros.
Coméque levaria todos os livros? Poderia deixar os de história... mas gostava de vez em quando de lê-lo, ou quem sabe os de histórias juvenis - mas ela ainda gostava tanto! Os clássicos! Eram chatos, difíceis de ler, tão longos e... bufou. Tava tentando convencer quem com aquele argumento?! Pensou em outro plano. E se eu estivesse indo a um mochilão? O que eu levaria?
Levaria quase nada porque sabia que ia voltar para casa depois, onde todas as suas coisas estão... O que mais o carreto poderia levar?! E aonde manteria tudo aquilo? Caminho pecaminoso aquele, se continuasse por aquelas vias de raciocínio desistiria de fugir. E por que mesmo estava fugindo? Eita, este não é o foco! Estou fugindo e pronto! É uma decisão, e não resultado de um questionário. Mas e os pais? Os irmãos? Se fugir implicava sair sem avisar e sem saber por onde, como manteriam contato? Não os veria mais?
Hmm
Praticidade também não estava dentro de suas virtudes. Não queria fugir, só queria se esconder... ou viver de uma forma que não precisasse de decisões definitivas. Como fugir, como o que levar, o que deixar para trás... Dissuadiu-se. Ficaria. Levaria tudo consigo só que no tempo. As coisas caminhariam, então, juntas e desorganizadas e todas cumprindo suas significâncias.
E as pessoas: os pais estariam juntos com ela, fugindo pelo tempo sem perceber - afinal, viver é fugir. Você sai do tempo anterior sem perceber e quando viu o tempo posterior já é agora e que já fugiu.
Decidiu ficar.

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